Quem foi o primeiro a criar esta figura MÍTICA E MÍSTICA, “DEUS”? Esta entidade divina que teria três características que só um ser superior poderia ter: Ser Onipotente, Onisciente, Onipresente. Um ser que tem todos os poderes do universo, sem limites; que detém todos os conhecimentos, sejam em que campo for, e que, por fim, está presente em todos os lugares, por mais longínquos e inacessíveis que forem.
Este ser só poderia se chamar DEUS. Ora, DEUS é uma palavra originária do latim ”DAUS’, que quer dizer “SER SUPREMO” ou ENTIDADE SUPERIOR, que, por sua vez, vem de mais longe do Proto-Indo-Europeu, ‘DIW” ou “DEIWOS”. Tem na essência de sua raiz etimológica o significado “CELESTE”, “BRILHANTE”.
Diríamos então que DEUS é uma divindade de origem ariana, branco, de olhos azuis ou verdes, afinal a origem do vocábulo assim nos quer dizer. Creio que não. A denominação DEUS, pela qual foi designada por séculos, sim, porém, sua ancestralidade nos remete ao” HOMO SAPIENS”, o que é bem mais longínquo que a cultura que ora domina o vocábulo e o transformou em motivo da fé Deísta.
Quem foi o nosso ancestral que inicialmente relacionou o que via a criação por uma entidade superior? Será que foi alguém que vivia nos altos dos Pirineus?
Acredito que não! Quando saímos da forma de macacos (os que ainda conservam o rabo) para hominídeos (os que não os tem mais, tipo gorila, chimpanzé, orangotango dentre outros), sofremos várias transformações.
Do homo habilis ao homo sapiens houve uma evolução significante, principalmente na região do cérebro responsável pela inteligência, o córtex frontal, a área cognitiva na qual fazemos nossas associações e tiramos nossas conclusões.
Segundo os antropólogos, todos estes homo surgiram no Continente Africano, nas suas savanas, e foram desenvolvendo capacidade de sobrevivência através do raciocínio. O que nos diferenciava dos outros hominídeos e dos demais animais?
O poder ver, analisar e tirar conclusões. Desta forma, é bem provável que o primeiro a atribuir a criação de tudo o que via, na terra, no céu, nos rios, nos mares, nos desertos, nas montanhas, nos lagos, na chuva, no vento, nos raios, considerou obra de um SER SUPERIOR que a tudo comandava, mas que não era passível de ser visto.
O SER SUPERIOR, porém, acompanhava todos os passos da criatura, era o dono do dia e da noite. Ali, quedado nas savanas olhando para um céu estrelado, onde as cadentes cruzavam-no, ele proferiu OLORUN!
O que aquele homo habilis queria dizer naquele momento, o que queria dizer com Olorun? Em Iorubá, Olo significa senhor e Orun, o céu, o lugar mais alto. Ora, quem associou pela primeira vez a figura de um ser superior com a criação de tudo que estava na sua volta não foi um homo habilis, ariano por natureza, mas, sim, um Homo Africanus, provavelmente um derivado do Homo Habilis, ou seja, quem criou a figura mítica e depois mística de OLORUN, a seguir DEUS, ALAH, e quantas mais designações vieram a ter foi um ser simples, provavelmente com sua pele preta (superfície), porém de raiz negra.
A tradição oral e a Diáspora que se seguiu levou consigo esta interpretação pelos quatro cantos da terra, ou seja, o criador não o maculou com a pele escura por pecado, simplesmente lhe deu o poder de ver, analisar e concluir.
Talvez daí venha
a simplicidade de DEUS, OLORUN, de ALAH. Não existe o domínio do criador por etnia alguma, ele somos nós mesmos, sem predomínio de qualquer forma. Tentar impor a sua visão do criador a alguém é, o mesmo que roubar do Homo Africanus, que primeiro o correlacionou na sua visão, a sua interpretação.
Deus, Olorun, Alah e as demais designações que possa ter não é mercadoria que possa ser comprada, nem que esteja à venda em mercados, ele humildemente existe dentro de cada um de nós, simples assim, como simples foi o africano que primeiro fez esta correlação. Se pensarmos bem, nós, os não africanos, brancos ou de outras matizes que não a de superfície negra, somos na verdade albinos, uma variante que, segundo a análise dos nossos DNAs, comprova que inquestionavelmente temos nossa raiz no continente africano, ou melhor dizendo, um pé na África mesmo, simples assim, doa a quem doer.
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