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  • José Leonídio

O SORRISO

Todas as manhãs me comunico com minha família desejando bom dia e deixando uma mensagem que sai de dentro de mim naquele momento. Por afeição a duas companheiras das minhas neuras, as acrescentei no meu bom dia diário. Hoje, ao tomar o meu café da manhã, cumpri minha rotina e o primeiro pensamento que veio foi o sorriso que me permitiu enviar-lhes a seguinte reflexão:


- Sorrir é um sinal de alegria, entreabrir os lábios e elevar o sobranço, uma representação. Prefiro as gargalhadas: são uma expressão verdadeira.

Passei parte do dia pensando no que tinha escrito pela manhã sobre o sorriso e relação entre o estar bem consigo mesmo, feliz com o nosso interior. A indiferença, aquele sorriso que não demonstra nosso verdadeiro sentimento, e o sorriso falso, o que demonstra o que não é, o que não sentimos, ou seja, uma fotografia do embuste.


Tomemos como um quadro a analisar, um quadro de uma reunião de amigos, familiar ou de colegas de trabalho. Inúmeras selfies são tiradas e o sorriso é lugar comum em todos. A pergunta que se faz:


- Verdadeiros ou falsos?


Não sabemos. No entanto, se pudéssemos entrar na consciência de cada um veríamos o índice que tangencia a verdade e a falsidade. Em “Mona Lisa”, Leonardo Da Vinci, para muitos estudiosos de sua arte, intencionalmente expressou um sorriso de uma emoção não sentida, uma nesga de sorriso, um enigma entre o “ser e o não ser”, entre “o querer e o aceitar”, entre o “AMOR E O ÓDIO”.


Como interpretar um sorriso?


Pode ser através do sorriso dos olhos, do brilho que os acompanha, ou do baço, do opaco que os cobre de sombras, não permitindo que enxerguemos o por dentro de quem sorri. Nestes tempos em que os lábios estão encobertos, os olhos mostram o que vai nosso imo. Vivemos tempos nos quais a imagem prevalece sobre a palavra. Ela fala mais do que o sentimento, se apresenta como verdade absoluta.


Tive a oportunidade de ver em diversas comunidades o que representa a imagem, sua importância na formação das novas gerações. Nos quatro cantos do mundo, as imagens mostram sorrisos, como se pertencêssemos a um conjunto de pessoas felizes. Ledo engano, mentimos para nós mesmos, criamos a ilusão do sorriso da felicidade, mas na verdade somos uma cópia de “Mona Lisa”, demonstramos uma emoção não sentida.


Antigamente uma família se reunia em torno do patriarca ou da matriarca, e em preto e branco registravam a alegria do estar junti em torno da grande mesa. Todo esse registro que tinha como fio condutor um sentimento, de gerações que se uniam e se reproduziam com único objetivo de manter a tradição do sobrenome.


Os sorrisos hoje não se expõem em telas, nem em fotos instantâneas em preto e branco ou coloridas, não têm assinaturas, não estão expostas em museus. A velocidade da internet permite que sejam vistas por milhões de olhos em questão de segundos, porém se tornam invisíveis na mesma proporção. Uma realidade de um segundo e um questionamento logo a seguir, sem uma resposta, somente questionamentos. Não existe análise porque este exige tempo e a velocidade da luz não permite este aprofundamento, vivemos o sorriso superficial.


Voltando ao meu pensamento inicial:


“Sorrir é um sinal de alegria, entreabrir os lábios e elevar o sobranço, uma representação. Prefiro as gargalhadas: elas são uma expressão verdadeira”.

O sorriso é uma porta aberta, é demonstração de uma alegria interior, quem sorri no amanhecer abre uma estrada para as realizações. Um bom dia com um sorriso tem mais energia do que qualquer oração.





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