top of page
  • José Leonídio

GARATUJOS SOBRE A HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DA MATERNIDADE ESCOLA DA UNIVERSIDADE DO BRASIL (UFRJ)



Nos idos dos anos 50 do século passado, projetou-se o Túnel Catumbi Laranjeiras, sendo sua saída no Parque Guinle. Após anos de imbróglio jurídico, no governo de Carlos Lacerda, foi mudada a projeção inicial e este adquiriu sua forma definitiva, com a utilização de quase 50% do terreno da Maternidade Escola e com a derrubada das arquibancadas do estádio do Fluminense na sua ala esquerda. Este ato do governador Lacerda apequenou a tradicional Maternidade do Rio de Janeiro, hoje Maternidade Escola, o berço da Obstetrícia brasileira. Passaram-se três décadas e a Maternidade Escola comprimia seus saberes no espaço que sobrou. Em 1994 ao assumirmos a direção da mesma, montou-se um plano diretor convocando um grupo composto de dois arquitetos: Ricarte Gomes e Edilane Costa-Dill; uma engenheira Inês Carolina Melo e um técnico de edificações, Mario, todos dos quadros da UFRJ: a equipe era comandada pelo arquiteto Ricarte Gomes, para com os parcos recursos da Unidade tentar modernizá-la. O objetivo era obter a altivez que sempre tivera.

Algum tempo depois os arquitetos Ricarte e Edilane e a engenheira Inês apresentaram uma proposta ousada, porém totalmente exequível. Havia na Ilha do Fundão dois galpões abandonados de estrutura metálica, que serviram de dormitório aos trabalhadores da Ponte Rio-Niterói, quando de sua construção, e Ju viu que pelos estudos das suas medidas eram compatíveis com a área livre da Maternidade. Empolgado com a proposta, pois conseguiríamos com isso alocar todo setor de ensino, a biblioteca e os laboratórios, nosso próximo passo foi marcar uma audiência com o reitor da UFRJ, Paulo Alcântara Gomes. Sua receptividade foi imediata e por interveniência dele, um estaleiro situado próximo à ilha do Fundão desmontou; trabalhou as peças para retirada da ferrugem e recuperou-as. Em dois meses a prospecção do terreno feita pela UFRJ estava pronta, tendo em seguida chegado todas as peças recuperadas. Havia, porém, um problema, toda esta estrutura ocuparia o terreno de um lado ao outro o que não era permitido pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. O prefeito à época era o engenheiro Luíz Paulo Conde, que nos recebeu e prontamente autorizou a quebra do gabarito para construção de uma unidade de ensino, pesquisa, extensão e assistência obstétrica e Neonatal. O sonho do resgate das áreas perdidas e a recondução da Maternidade ao seu devido lugar estava garantido. Quem diria que um galpão que abrigou trabalhadores da ponte Rio-Niterói, hoje seja um dos mais modernos modelos arquitetônicos servindo ao ensino da Obstetrícia. Em não sabendo que era impossível, foram lá e fizeram. Em nome da dignidade da Maternidade Escola o muito obrigado a Ricarte, Edilane, Inês, Mario, enfim todo o grupo.

Quem sair do Túnel Catumbi Laranjeiras, no lado de Laranjeiras, olhe para a direita

e vejam o velho Galpão transformado num moderno setor de ensino. Como diz Paulo Coelho em “O Alquimista”, quando se quer algo, mas se quer muito, o universo conspira a nosso favor. A Maternidade resgatou o que nunca deveria lhe ter sido tirado.

5 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Pílulas Literárias #246 - Prazer

As palavras vão tomando novos sentidos, com o passar dos anos, dos séculos. Um exemplo é a palavra Prazer, que, na sua origem latina “Placere”, remetia-se a: “aceito”, “querido”, que, por sua vez, es

Pílulas Literárias #245 - Encontro

Existem duas formas distintas e antagônicas no sentido da palavra encontro. Se usamos como direcionamento, a preposição "a", acrescida do artigo "o" , ou seja, "ao encontro", não existem barreiras que

Pílulas Literárias #244 - Conversa

Nada é mais salutar do que uma conversa aberta, em campo neutro. O antigo papa de botequim, sem hora marcada, sem tempo definido, quantas arestas foram quebradas, não pelos valores etílicos e, sim, po

bottom of page