Ah, meu bom velhinho, como te amamos. Todos os anos na mesma época te esperamos, e não é de hoje.
Meu avô escutou do avô dele a história que lhe fora contada pelo meu tataravô: a de que o bom velhinho se chamava Nicolau de Mira e nasceu na Turquia há muito tempo, no ano 280 d.C. Ficou conhecido por deixar moedas para os necessitados, nas noites frias, próximas as chaminés das lareiras. Teria falecido em seis de dezembro.
Dizia ele também que os mais antigos falavam ainda de um ancião que pedia comida de casa em casa para enfrentar o inverno rigoroso. Segundo eles quem o ajudava ficava sendo seu protegido, tendo um inverno menos rigoroso.
Ah, meu bom velhinho, não importa de onde você veio, você sempre esteve presente nos nossos corações. Sabe, um dia você já se vestiu de verde e marrom, talvez, quem sabe, para lembrar as suas origens?
Mas, no final do ano de 1931, uma grande empresa de refrigerantes resolveu mudar sua indumentária e ficaste da forma como te enxergamos hoje, todo de vermelho, com adornos brancos. Lá se vai quase um século.
Embora sejas único, espalhaste pelo mundo afora seus auxiliares, que preparam a todos, principalmente aos pequeninos, para sua chegada, no dia em que comemoramos o nascimento de Jesus Cristo.
Mesa farta, árvores de Natal acesas, todos à espera da grande hora, quando sem que nós o vejamos deixas presentes para todas as famílias, não importa se pobre ou rica. É uma alegria só, sorrimos, brindamos e desejamos um feliz renascimento para todos, unindo cada vez mais a família, Natal após Natal.
Meu querido e bom velhinho, nós te amamos e não é pouco, esperamos todos os anos tuas nove renas, o som metálico dos seus sinos, informando sua chegada, trazendo os presentes feitos pelos seus fiéis Elfos, coordenados pela Mamãe Noel o ano inteiro. Quando nos deixa, começamos a contar nos dedos o próximo Natal em que estarás conosco.
Sabe, meu bom velhinho, apesar de te amar demais, de querer te abraçar, te apertar, beijar suas bochechas vermelhas, escutar tuas histórias, este ano não queremos que venha. Nosso carinho é tão grande por você que estamos te pedindo, com lágrimas nos olhos, fica em casa com sua Mamãe Noel, deixa suas renas pastarem este ano.
Deixe seus Elfos brincarem nas florestas geladas da Lapônia. Peça aos seus bons velhinhos que te auxiliam pelo mundo afora que este ano fiquem em casa.
Neste Natal, por mais que nossa vontade seja a de ouvir o seu:
- Ho,ho,ho,ho!, iremos nos contentar com as lembranças dos natais passados, conversaremos com nossa família por reuniões via internet, passaremos as lembranças através de vídeos e fotos tiradas em outras natais.
Ah, meu bom velhinho, tenho a impressão de que você não está entendendo nada, nunca ninguém em tempo algum recusou sua visita, nós sabemos disso. A única coisa que estamos querendo é te proteger e aos seus companheiros.
Estamos vivendo momentos muito difíceis, um terrível mal se abateu sobre todo o mundo, tão impiedoso não seleciona a quem vai comprometer, mas tem preferência pelos mais experientes, aqueles que tem um curso de vida maior.
Nossa tristeza em não tê-lo conosco, Papai Noel, só não é maior do que a certeza que estamos te protegendo, para que nos natais dos próximos anos possamos te aguardar, ouvir o tilintar dos sinos das renas, ver o risco dourado do seu trenó atravessando por entre as estrelas e escutar o seu:
- Ho,ho,ho,ho!
Quando te pedimos para que teus companheiros também se afastem, é porque queremos que estejam alegrando nossas crianças em muitos natais que ainda virão.
Meu bom velhinho, fique em casa, e o único pedido que fazemos para este Natal é que sua energia positiva que nos envolve seja o presente maior para todos nós. Que todos sigam teu exemplo, se recolham, não por medo, mas para se protegerem e também aos seus.
Que neste Natal seu presente seja a nossa saúde, a sua e de todos os seus companheiros. No plano terreno, tentaremos fazer a nossa parte, comemorando cada um de nós nas nossas casas, aguardando ansiosos por um novo Natal.
Por agora, te desejamos, FELIZ NATAL, MEU BOM VELHINHO.
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