“Esprolhar lugas” é uma expressão em desuso e significa vasculhar quinquilharias. Pode ser entendida como estar em busca de alguma coisa sem valor. Um mergulho num universo etéreo, no qual não é possível encontrar o real valor de nada.
Quando procuramos no nosso dia a dia os caminhos que levam à realização de nossos objetivos, existe por trás de nossas ações, mesmo de forma inconsciente, uma diretriz. Muito de nossas atitudes são frutos de uma programação da qual o nosso consciente não participa.
É o famoso “eu fiz por impulso”. Nada na nossa vida é feito por impulso, tudo é fruto de algum aprendizado. O acaso tem explicações que podemos não encontrar. No entanto, eles existem e foram construídos de acordo com suas necessidades, em um tempo finito, em curto, médio ou longo prazo.
É comum a quem detém determinado grau de poder, mesmo que seja por um tempo finito, “esprolhar lugas”, ou vasculhar quinquilharias. Estas atitudes permitem desviar as atenções, os olhares, para do verdadeiro foco que querem alcançar.
O exemplo mais representativo que me vem à tona era o chamado discurso do deputado baiano. Para dar efeito em seus elóquios colhia no dicionário meia dúzia de palavras de pouco uso, a fim de mostrar a todos sua sapiência. Com isso, se mantinha no poder, exibindo uma estereotipo falso, mas de grande influência junto aos menos favorecidos.
O tempo foi passando. No entanto, a forma de lidar dos que se mantêm temporariamente no poder, mesmo com toda a evolução tecnológica, é a mesma. Mudou-se a forma. Não mais se vai ao dicionário procurar palavras bonitas que nada querem dizer: hoje, utiliza-se da cibernética, das redes sociais para se “espolhar lugas”.
A razão dos tempos, as dificuldades para se atravessar o dia a dia, são ignoradas com a utilização de palavras, de frases, e ações, que são muito mais enganosas do que as palavras soltas nos discursos sem alma do passado. Os recursos das mídias atuais possibilitam dizer sem a necessidade de falar.
No ontem, se enganava a um grupo definido de determinadas regiões, hoje, num clique, se espalha o fruto de uma personalidade construída sem limites. Parece que de um tempo para cá uma palavra de três letras foi retirada do dicionário, o NÃO.
A procura por se manterem pela eternidade no poder não aceita o não como resposta. Só lhes interessam o SIM. Todos aqueles que são contrários aos seus objetivos, mesmo tendo todos os argumentos que lhes dão o respaldo, seja científico, jurídico ou mesmo ético ou moral nas suas colocações, são considerados inimigos de suas visões canhestras.
Neste momento “ESPROLHAM LUGAS” mostram um brilho falso, o da pirita, a pedra que possui o faiscar do “Ouro dos Tolos”.
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