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  • José Leonídio

DIAS FRIOS


Dias frios, a chuva fina teima em não permitir que o sol venha nos aquecer, e nos força a fazer o que em tempos de pandemia somos aconselhados a fazer, ficar em casa. A natureza nos impõe a obediência aos ditames dos novos tempos. É tempo de nos recolhermos em nós mesmos, é tempo de enxergar a mensagem dos tempos.


Se em rua de mão única olhamos só para o lado de onde flui o trânsito, é porque confiamos que todos seguirão as regras ditadas pelas autoridades que norteiam o vai e vem nas ruas. A vida em muitas ocasiões nos impõe, para nossa própria sobrevivência e para a da população como um todo, seguirmos regras de convivência. Muitas vezes, só olhar para o fluxo natural não é o suficiente, precisamos em muitas ocasiões olhar para todos os lados, afinal não sabemos de onde vem o perigo.


Se os dias de sol em pleno inverno nos faz ir ao seu encontro para nos aquecermos, e nos libertarmos do aspecto mofino que adquirimos por ficarmos isolados em casa, por outro lado, esta clausura é o melhor remédio para nos protegermos e também aos nossos familiares.


O amor tem várias faces, porém em todas a proteção e o querer que o outro esteja bem fazem parte do ideário que o compõe, porque só desta forma podemos dizer que é um amor verdadeiro.


Dias frios, neve no Sul, dias quentes de sol no Norte e Nordeste, dias chuvosos e de frio intenso no Sudeste e Centro-Oeste. Assim é o meu Brasil, um caminho que leva ao mar, às montanhas, às veredas, aos alagados, enfim: o que pensarmos encontramos nos seus variados caminhos. Brasil da diversidade étnica, religiosa, cultural, de gênero. Brasil da diversidade do tempo, mas todos estes caminhos têm múltiplas direções e sentidos. Ao contrário das ruas e avenidas de fluxo único, as

estradas da vida têm mão e contramão, têm cruzamentos, têm sinais.


Podemos achar que aquela seja a orientação correta, no entanto, não custa olharmos para todas as opções, porque a que nos parece, em determinada ocasião ser a mais correta, pode nos levar a um caminho sem volta, sem a possibilidade de recuarmos na estrada da vida, porque nesta dá um passo atrás não significa zerar o cronômetro da vida e recomeçar do zero. O segundo que passou, passou, não volta mais, e deixou gravado no seu memorial de vida aquele segundo como todos os outros que viveu.


Não existe borracha, corretor, tinta que o apague, porque foi você quem o esculpiu na tábua da sua existência com seu macete e seu cinzel, sua história. E este só pertence a você e é inapagável. Dias frios, dias de nos unirmos em torno de uma fogueira, de um caldo quente, de um chocolate, de um fondue, ou mesmo de permanecermos abraçados para nos aquecermos e trocarmos afeto.


Dias de pensar que a vida tem várias opções e escolher a que melhor se encaixa com você e também com os seus.


Tenham um bom final de semana.

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