Vivemos um momento em que não conseguimos defini-lo. Algumas vezes fiz menção sobre como é difícil atravessar situações adversas, no entanto, não temos como ignorá-las. Por mais difíceis que sejam os obstáculos, temos que seguir em frente.
A vida é uma linha, que embora tenha em determinados instantes seus embaraços, não conseguimos enrolá-la de novo no carretel do tempo. Quantas vezes ela se rompe e a vemos sair por entre nossos dedos?
Quando um momento adverso aparece à nossa frente, seja conosco, ou com quem está junto de nós, nossa rea/X/ção é de luta, de brigar no bom sentido por nossos direitos, principalmente de viver com dignidade. Quando lutamos por uma causa, não estamos defendendo somente os nossos objetivos, as nossas metas, não!
Não podemos nos esquecer que antes de tudo somos seres sociais, não somos eremitas, nem ermitãos. Nunca lutamos exclusivamente por nós próprios por mais que pensem que somos egoístas. Quando defendemos uma opinião, muitos poderão ser contrários, mas uma parcela igual ou maior nos apoiará porque pensa da mesma forma.
Não existe a unanimidade, existe o equilíbrio, os dois lados da balança se alternam, porque a verdade pode tender para qualquer um. Não existe uma verdade absoluta, ela será sempre relativa e terá prazo de validade, a verdade de hoje poderá ser substituída por outra mais consistente num futuro próximo. A história assim nos mostra somente mudam os atores.
Quantas vezes ouvi que não adianta lutar, o jogo já foi jogado e temos que nos conformar. Ora, o que é então o conformismo, senão aceitar uma situação adversa que não vem encontra o que almejamos para nós mesmos? É abandonar a batalha passivamente, sem ao menos tentar confrontá-la?
Uma ação, ou mesmo uma situação que nos seja desagradável, leva a uma reação de indignação, onde nossa resposta é de procurar reverter à condição inóspita. Na medida em que se torna repetitiva, e que não vemos atitudes ou resoluções para que cessem ou mesmo sejam resolvidas, começamos a nos desinteressar.
Quando isto acontece e a balança começa a pender para o outro lado, é onde entra o tal do conformismo. Passamos aceitar os fatos como sendo absolutamente naturais.
Lembro-me aqui de uma passagem que descrevi acerca uma experiência própria - uma mãe no interior do sertão Nordestino dava as medicações prescritas para o filho em estado grave, devido a epidemia de sarampo para os outros filhos, com o objetivo de que não tivessem a mesma doença. Sua justificativa era:
-“porque a luz da morte estava nos ‘óio’ dele, Deus num queria que ele vivesse.”[1]
Ao ler esta colocação, dirão que é o laissez-faire, como se o termo francês fosse sinônimo de conformismo. Este talvez seja um dos grandes erros, porque os dois não se equivalem, porque não existe paralelismo entre eles, embora no atual momento os dois confluam.
O termo laissez-faire está ligado ao liberalismo econômico, à política neoliberal, à versão contemporânea mais avançada do capitalismo, onde o mercado regula praticamente tudo.
Vivemos hoje a prática do laissez-faire disseminada em todas as áreas, sendo sentida principalmente na saúde e na educação, suas consequências fazem-se sentir no conformismo que toma conta da população.
Os índices de morbidade e mortalidade consequentes à pandemia da Covid-19 não mais sensibilizam um grande número da população. O conformismo é consequência de laissez-faire e é necessário que voltemos a pensar como um todo, a sorrir, a chorar, a sermos nós novamente.
[1] In “ A Raposa do Cerrado”, página 77, Editora Autografia, 2018.
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