Ao ligar a televisão, o canal na qual estava sintonizada mostrava a competição de atletismo de 200 metros com barreiras. Parei por instantes e fiquei observando o desempenho dos atletas e o esforço para ultrapassá-las e serem o primeiro a cruzar a linha de chegada.
Nem todos conseguiam a ultrapassagem correta e, ao tentarem fazê-la, derrubavam as barreiras. Os que as superavam se distanciavam dos outros competidores, se aproximando mais e mais da tão almejada vitória. Naquele momento, consegui perceber que para o êxito final era necessário muito mais do que se preparar fisicamente, saltar com técnica: necessitavam um equilíbrio que tinha dois componentes, o físico e o mental.
Ao término da competição, o semblante de cada competidor mostrava o grau de contentamento ou de frustação dos atletas de alto desempenho que se prepararam, por anos, para aquele momento. Os que conseguiram transpuseram seus limites obtendo marcas conquistadas graças à integração do corpo e da mente.
Saindo da quadra de atletismo, retornando ao nosso dia a dia, podemos entender que as barreiras existem e são postas à nossa frente para que as ultrapassemos. Barreiras externas ou internas, não importa, cada uma que superamos nos faz crescer em todos os sentidos.
Cada passo que damos, um obstáculo à nossa frente, o qual podemos superar com pequeno esforço. Outras situações exigirão muito mais do que um pequeno pulo. São as grandes barreiras difíceis de serem transpostas, que necessitarão mais do que um simples pulo ou passada.
Para vencê-las, precisaremos da interação corpo e mente, concentrar nossos esforços naqueles obstáculos, porque, ao transpô-los, abriremos novas possibilidades, que, por sua vez, trarão ocultas no seu âmago novas barreiras, maiores ou menores, mas que irão se suceder até que conquistemos o que nos propomos no início de nossa caminhada.
Ao contrário das competições onde as barreiras são elementos físicos com altura e largura predeterminadas, no nosso dia a dia, não têm formas nem dimensões, uma palavra, um gesto pode trazer consigo grandes dificuldades, enquanto uma porta que se fecha pode nos dar alternativas de abrirmos outras, bem mais vantajosas, que nos permitam ir adiante dentro das nossas possibilidades.
Uma das grandes dificuldades que encontramos na nossa caminhada é quando passamos a fazer dos nossos obstáculos motivos para competição, onde chegar primeiro pode aparentemente ser um sinal de superioridade. Esta hipótese nem sempre é verdadeira. Os grandes líderes nem sempre foram alunos brilhantes. Ao ultrapassarem suas barreiras adquiriram conhecimentos e sabedoria para se tornarem o que são.
À semelhança das grandes lideranças, evoluímos a cada obstáculo superado. Caminhos nos quais não temos que nos esforçar para chegar ao seu término são vazios de paisagens, simplesmente os atravessamos, não deixam lembranças ou ensinamentos. Ao contrário daqueles nos quais as dificuldades vão moldando sua trajetória.
A história de cada um de nós e construída em cima das facilidades e dificuldades que encontramos pela frente. Somos seres cumulativos de experiências, de conhecimentos, os únicos capazes de através de sua capacidade de raciocínio projetar a superação de obstáculos futuros.
As barreiras que encontramos em nossa estrada da vida são únicas e a forma como iremos ultrapassá-las também. A vivência diária é que nos permitirá superá-las, ancorados em nossos conhecimentos acumulados.

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