A dúvida não constrói caminhos, a dúvida não nos leva às soluções. As encruzilhadas que encontramos na nossa frente são para serem ultrapassadas e sempre escolhemos a melhor opção naquele instante, porque é a que melhor nos parece. Não se constroem castelos exclusivamente porque se quer construir. Não! São frutos de nossos sonhos e objetivos.
Ah, se eu fizer diferente?! Ah, se eu escolhesse ir para o outro lado! Ah, se eu seguisse seu conselho! Estas são locuções usuais que demonstram insegurança na escolha feita num determinado momento. Será que o “Ah, se?!” não era a verdadeira estrada por onde eu deveria trilhar? Será que os resultados seriam diferentes? Esta é uma resposta que nunca teremos.
Uma vez cimentadas as ações, nossas pegadas ficaram para trás. Nada, nem ninguém modificará. O mesmo remédio que para um representa a cura, para outro pode piorar um quadro. A escolha não é somente uma questão de evidência, é também uma interação entre o organismo, a substância e o momento em que vai utilizá-lo.
É comum ouvirmos de quem quer se impor, através do tom de voz e ou das palavras, a seguinte afirmação:
-Vai por mim, fulano! Vai por mim, sicrano! Vai por mim, beltrano!
Ora, quem está tentando impor sua opinião, a construiu baseado nos valores individuais em relação a determinado assunto e de acordo com o entendimento que tem sobre ele. Cada um de nós tem seu escopo e nossas variantes são tantas que o “Vai por mim” passa a ser um ponto fora da nossa própria história.
Ah, e se? Não, não podemos nos apegar ao que achamos que deveríamos ter feito, porque pararemos no tempo, não viveremos os novos horizontes, ao nos punir por não termos preferido outro caminho. Esquecemos que muitos mais teremos a trilhar e que, lá na frente, aquela opção pela qual não escolhemos pode ser justamente a que nos recompensará.
Nada, nada do que fizemos ou deixamos de fazer pode ser considerado inútil. Tudo tem um propósito, pode ser que não o enxerguemos hoje, fica num arquivo que um dia se abrirá. E, aí sim, o “Ah, e se?!” se apresentará como uma solução para aquela situação em lide. A este arquivo chamamos de memória, de experiência de vida, ou outro nome que queiramos dar.
Quando focamos um determinado alvo, temos que o perseguir até o fim. Desistir na metade do caminho é se submeter às teias do “Ah, Se?!”, que uma vez presente nos envolve até imobilizar de tal maneira que abandonamos nossas pretensões, caindo no vazio, nas questões não resolvidas, inacabadas. Não lhes damos o lustro, por achar que somos incapazes.
Tenho sempre em mente uma frase que meu pai não se cansava de dizer:
- “Só se resolve um problema, criando o problema.”
Se ficarmos imaginando inúmeros “Ah, ses?!” para uma situação que está na nossa cabeça, é muito provável que não levemos adiante, que a abandonemos. Mas, se pelo contrário, colocamos nosso projeto para ser desenvolvido na prática, poderão aparecer dificuldades no transcorrer de sua execução, mas também surgirão soluções que podem enriquecê-lo e torná-lo mais factível.
Os labirintos dos ”Ah, Se?!” têm entradas, porém, a saída inexiste. É preciso que tenhamos consciência de que nossa jornada tem retas e curvas, mas que vão sempre em frente; os diversos ângulos que aparecem são para que possamos fazer a melhor escolha. Se o “Ah, Se?!” for o caminho escolhido é bem provável que estejamos caminhando em círculo, que não nos levará a lugar algum porque o seu final será sempre o seu início.
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