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  • José Leonídio

A vida se renova

Praias repletas, mãos dadas, famílias reunidas, mesas fartas. Champagnes e espumantes estourando, contagem regressiva, fogos espocam e colorem o céu. É um novo ano e, como num “passe de mágica” da varinha de condão do criador, nossa vida irá mudar: pulamos sete ondas, flores para Iemanjá, taças do mais puro cristal da Bavaria tilintam como sinos nos brindes, copos de plásticos também saúdam a ano novo que chega.


Em todos, a esperança de novos tempos, afinal foi ali na entrada da Barra, na hoje praia de Copacabana, que esta comemoração ocidental começou, num primeiro de janeiro de 1502 quando Gaspar Lemos em suas caravelas e as velas enfunadas trazendo a cruz de Malta por aqui chegou, dando então a Guanabara Tupinambá o nome de Rio de Janeiro.


Virou tradição e todos os anos lotávamos a Princesinha do Mar para nos enchermos de novas energias, encontrarmos os amigos, concentrarmos nas areias com nossas famílias aguardando esperança da bonança, do futuro. Promessas e mais promessas; amores que começavam; saudades que se renovavam; abraços; longos beijos e até mesmo corpos entrelaçados sussurrando juras de amor, anunciando que, dali em diante, seriam inseparáveis.


A magia do novo ano, de repente, se viu enfumaçada, coberta de cinzas.


Os fogos se calaram, o céu se cobriu de nuvens, ao invés de abraço e lágrimas pela esperança dos novos dias, o véu, a mortalha, o calor, não do verão, mas da febre que consumia parentes e amigos. O vento que refrescava nossas noites foi engarrafado para salvar vidas e não foi o suficiente.


Perdemos o que mais importante temos na nossa vida, a esperança no novo ano. Não podemos nos encontrar, escondemos nossos rostos com um só objetivo, o de tentar chegar ao próximo final de ano e nos reunirmos novamente com aqueles que ainda teimaram em ficar, por um único motivo, somos os campeões DA FÉ. Continuamos acreditando mesmo sozinhos em dias melhores. Mantemos dentro de nós a esperança nos homens, na ciência, em DEUS, em OXALÁ.

A vida é eterna, nós não. Temos o poder de perpetuá-la, por isso a recebemos e, numa corrente sem fim, passamos a diante. O criador não estabeleceu os anos, seu princípio e seu fim, e sim os homens, quando ajustou o ano civil ao solar, uma decisão religiosa em 24 de fevereiro de 1582 pelo Papa Gregório XIII, que optou pela mudança na contagem do tempo, na bula papal, “Inter Gravíssimas.”

A proximidade da data de nascimento do filho do criador, com o fim do ano Gregoriano, trouxe-nos a expectativa do renascimento, da nova vida, dos novos tempos. E este sentimento foi-se enraizando em todos nós, que, na passagem do ano, virávamos uma grande família, agradecíamos, pedíamos, nos confraternizávamos, aguardávamos o nascer do sol, como se fosse a primeira luz que enxergamos ao nascer, afinal nascíamos para um novo ano, um novo tempo.

Nestes dois anos fomos obrigados a nos isolar, a nos tornar ermitões pela necessidade, de fechar nossas portas a um mal maior, que impedia que milhões se reunissem para criarem uma energia única para os novos dias. Mesmo com toda consciência, neste final de ano de 2021, teremos a ausência de 618 mil, entre pais, filhos, amigos. O mal ainda continua rondando nossos lares, no entanto, a esperança do novo ano e grande, porque a ciência e os homens de boa vontade, estão nos proporcionado meios para voltarmos a nos reunir, no próximo final de ano.


Podemos não ter todos a nossa volta, mas temos a certeza de que será um novo ano, de mudanças. Cada um de nós dentro de suas casas gerarão a energia que conduzirá os novos tempos. Somos crentes na ciência, na vacina que nos permitirá em pouco tempo estarmos juntos novamente. Não estamos dando um adeus, e sim um até já, porque 365 dias passam rapidamente.


Que o novo ano nos traga o bem maior, A SAÚDE. Porque a cada ano A VIDA SE RENOVA e para melhor.





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