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  • José Leonídio

A MULHER E A ROSA




Se toda mulher é uma Rosa, hoje é também o dia da Rosa. Rosa, a flor sagrada de Vênus, foi criada ao mesmo tempo do nascimento da deusa do amor, sendo portanto sua beleza e fragrância, o símbolo do amor, seus espinhos, a lembrança de que o amor pode ferir. Rosa sinônimo de beleza, de perfume, de amor. Rosa flor, Rosa mulher. Rosa que canta e encanta, que igual as roseiras balança com o vento e soltam suas pétalas e perfume no ar, que com seu gingado deixa-nos hipnotizados, com um ar de magia contagiante. Rosa sem espinhos, rosa branca, és o símbolo da pureza de Maria, que em dias de muita agitação, de tuas pétalas farás o chá, que junto a teu acalanto acalmará minha alma.

Nasces botão, desabrochas, viras flor de todos os matizes. Símbolo da vida que nasce, continua nos acompanhando a cada momento, com suas chuvas de pétalas, enfeitando nossos caminhos até a eternidade.

És o adorno mais desejado, sem preconceito de etnia, idade ou cor. Joia rara imortalizada no ouro ou na prata, para enfeitar suavemente os dedos, ou no colo, como pingente, broche ou pousada delicadamente sob seus cabelos louros, negros, castanhos; lisos ou encaracolados, curtos ou compridos.

Quando a vida está um alvoroço, com as vermelhas presenteio a moça, que com seu sorriso maroto ajudou meu amor conquistar. São com elas também que toda de branco vou para o mar, aguardar o novo ano chegar, homenageando minha mãe com rosas brancas ou amarelas, símbolos da boa energia que durante o novo ano espero me acompanhar.

Rosa que com o arrebol a colorir sua estrada, convidas o sol a dar início a mais um dia, porém também está presente criando um cenário maravilhoso, envolvente quando se recolhe no horizonte, levando aos que a contemplam, a te ovacionarem, com palmas e cantos pela paz que nos trouxeste, deixando com que uma lágrima furtiva, surja de nossa emoção, e de mãos dadas a meu amor caminho pela praia, montanha, campos, ou ainda tomando uma cerveja, ouvindo um samba ou mesmo o “Bolero de Ravel”.

Fina companhia na mais requintada soirée, viras rose, e se o ditado latino aí puder ser aplicado, “in vino veritás” és o símbolo da delicadeza, pureza, do amor que floresce. Quando rosa, mulher, flor e vinho juntam-se a mesa, acendam as candelas rosas, e deixe que saia da rosa do cravo o som que te imortalizará.

Rosa poema, rosa canção, és a inspiração dos poetas que tiram de ti a fonte de seus devaneios. Desafio aos grandes pintores que ao passarem para suas telas a “natureza morta” brincam com tua vida, se perdem em tuas cores e procuram o teu azul que escondeste em tuas raízes. Tua singeleza é procurada no cinzel do escultor, para te criar na pedra ou no bronze. Quantos amores ficaram marcados eternamente em páginas de livros com suas pétalas, ou então nos bordados, tricôs ou crochês, que enquanto aguardava o fruto do nosso amor ias fazendo, na história viva que nos acompanha.

Mística, ultrapassas o limite dos homens, das crenças, que se apegam a ti, para alcançar o céu, ou seja, o momento maior da floração da energia da vida. Teus espinhos são tua origem, mostrando que tens o poder do equilíbrio acima do bem e do mal. No mais alto grau sois Rosa Cruz, carregando junto contigo a Cruz e o Pelicano, simbolizando o amor filantrópico a teus irmãos. Sois vós quem constrói e embeleza o mundo.

Sob tua orientação o homem conquistou os mares, encontrou novos caminhos, novos continentes. Na Rosa dos Ventos o bom caminho, o bom vento, norte, sul, leste ou oeste, mas também advertes para o perigo que vai chegar, sudoeste é mau presságio, que avisa ao pescador, que é hora de voltar, se aquecer nos braços de sua amada até a tempestade passar.

Estás presente em todos os bons momentos, solitária num fim de noite és a única testemunha que permiti me acompanhar. Também és o ramo que presenteia ou a cesta que galanteia. Enfeitas nossos caminhos quando somos Cinderelas, a procura de nosso Príncipe encantado, ou então como testemunha do nosso, para todo o sempre, em que nos unimos, e sinal de sorte para quem pega o buquê, de que uma nova união sob sua benção está próxima. Do bebê és a cor, aos enfermos dás um ambiente de paz e recuperação rápida, porém independente do teu tom, és o símbolo da feminilidade, é menina tudo é rosa e te segue por toda a vida, no vestir, no andar e até no que completa sua beleza. Tua pele é delicada como o pêssego. A essência do seu perfume é guardada a sete chaves, pois tens o poder da sedução, de levar-nos ao mundo dos delírios, das fantasias.

Também tens teus momentos de cura, afinal és rosa mosqueta, ou mel rosado. És “Rosa do Povo”, assim te imortalizou nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade, mas também és a fonte do saber, a ensinar nossas crianças a ler, escrever e te amar. Fruto de boa polpa te chama de manga rosa quando juntas o verde com a rosa, e, da semente que produzes, nasce a árvore que frutifica, Mangueira, que também se imortaliza, como símbolo maior do samba, com suas raízes fincadas profundamente no coração de cada um de nós, e é de lá, do Morro de Mangueira, que Rosa passista, porta-bandeira, destaque, ritmista, compositora, apoio ou diretora, descem o morro ao som do surdo, do agogô, sabendo que Rosa e samba se confundem, formando um mar de Rosas, que na avenida conseguem fazer do final o início. São o ritmo da vida, a representação maior da flor, do fruto, do perfume, da mulher, da energia de um povo, que misturam na avenida as rosas de sua vida com a do novo dia que surge. “Rosa, Verde porque te quero, Rosa”.

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