Quantas vezes ouvi estas palavras, “quero ser professor quando crescer”, proferidas por colegas quando cursava o primário e o ginasial? Tínhamos como espelhos nossos antigos mestres. Eram nossos ídolos, que nos conduziram sem saber ao que somos hoje.
Na época as escolas não tinham os recursos que têm atualmente, aprendíamos com os professores tendo como método de ensino a voz, quadro negro, e giz. Anotávamos tudo, escrevendo a lápis em cadernos pautados, encapados por nossos pais com papel celofane - verde, azul, vermelho, amarelo, de acordo com cada matéria.
Os professores eram companhias nos recreios, interagiam, aconselhavam. Não raro, alunos acompanhavam seus mestres até seus carros, ou mesmo até o ponto do ônibus. As cobranças que nos faziam traziam no contexto um caráter pedagógico, impondo-nos responsabilidades que, não imaginávamos, seriam tão importantes nas nossas vidas.
Eram muito mais do que professores, eram tutores que nos orientavam. Quantas alunas fizeram o curso normal despertadas pelos exemplos das salas de aula? Um olhar era o bastante para chamar nossa atenção. Possuíamos dois tipos de heróis: os de dentro de casa, nossos pais, e os das escolas, nossos professores.
Se escrevo estas linhas, só foram possíveis porque alguém me ensinou a ler, escrever e, mais do que isso, a enxergar o que estava subentendido nas palavras. Compor frases, expressar em texto pensamentos; fazer cálculos; conhecer os diversos ângulos; a história da filosofia; entender a ciência e sua evolução são resultados dos nossos primeiros passos, conduzidos pelas mãos e pela voz dos nossos mestres.
Parece que estou vivendo de recordações, mas não. Aqueles mestres que foram importantes na nossa formação pessoal, cultural, profissional, continuam a existir, o giz não empoeira tanto os guarda-pós e as mesas das salas de aula. Os cadernos, os lápis, foram substituídos por gravadores e laptops.
Os quadros são informatizados, as imagens enriquecem o conhecimento, a internet aumenta o cabedal de conhecimentos dos alunos, as intermináveis pesquisas nas enciclopédias, hoje, estão ao alcance num toque no teclado. A pandemia nos trouxe um novo modelo de ensino, à distância, no qual a informação chega em fração de segundos em cada casa. É a revolução dos novos tempos, a tecnologia a serviço da educação, da informação.
A modernidade tomou conta de quase tudo, mas o professor continua o mesmo através dos tempos: nada substitui sua presença, com voz, empatia e dedicação. Não se é professor por simples profissão e sim por fazer parte de um contexto maior, o de preparar novas gerações, dar-lhes valores e, quem sabe, servir de espelho para que deem continuidade ao sacerdócio de professar.
O professor é um ser além do imaginário. Possui poderes que nem mesmo sabe que existem. Não importa onde exerce sua função, quase divina, porque o valor dele será sempre igual, conduzir, à luz do saber, a que nos tira da escuridão da ignorância. Um povo que tem o direito à educação enxerga que o poder das realizações está ao alcance, porque assim seus professores o ensinaram.
Quando os professores são alijados da sua formação, quando não lhes dão condição de interagir, de ter as ferramentas que os farão analisar, tirar conclusões que só o ensino fornece, teremos uma população que acreditará que o milagre é a única opção que lhes resta.
O milagre de uma nação tem nome, chama-se PROFESSOR, e seu desempenho vai ALÉM DO IMAGINÁRIO. Nossas estradas foram e estão sendo construídas através da transmissão desses heróis anônimos, que, na maioria das vezes, nem sabem da importância que exerceram na formação plena de seus alunos.
Neste dia em que são lembrados estes formadores da consciência das novas gerações, o nosso muito obrigado por nos fornecer nosso bem maior, a educação. Sua importância, PROFESSOR, VAI ALÉM DO SEU IMAGINÁRIO.
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