Caminhos tortuosos são colocados à nossa frente e nos levam a ter que tomar decisões: Qual deles seguir? Nem sempre a escolha é a melhor, porém é a mais adequada naquele instante. Seguimos em frente e o que encontramos, querendo ou não, é o fruto de nossas escolhas.
Quando crianças atravessamos um longo período onde os porquês fazem parte do nosso dia a dia, a cada instante, uma novidade. Queremos saber tudo a respeito de tudo, afinal nada conhecemos e estamos naquele período, construindo nossa estrada de futuro.
Nossos sonhos, metas e objetivos são alicerçados nas descobertas que fazemos, nos porquês.
Na adolescência colocamos em prática os conhecimentos que fomos acumulando; só que precisamos de respostas imediatas e deixamos de lado os porquês, em troca de satisfazer nossos projetos imediatos. Para conseguirmos estes objetivos não medimos esforços e os valores que nos acompanharam desde a infância deixam de ser os mais importantes. O novo agora é o que está do lado de fora de nossas casas.
De uma maneira ou de outra, apesar das novas experiências, os porquês nunca saem de nossas vidas. Não mais interrogamos por não ter conhecimento, mas porque necessitamos de respostas para continuarmos a desenvolver nossos projetos. Por mais que tenhamos soluções, sempre existirão questionamentos: é a partir destes que evoluímos.
Não existe pergunta que não tenha resposta. Podemos não tê-las naquele momento, mas virá. Nossos conhecimentos são cumulativos e o enriquecemos minuto a minuto porque sempre nos chegarão informações capazes de elucidar a dúvida do momento. Entretanto, nossas observações suscitarão sempre novos porquês.
Na medida em que o tempo vai passando, que novos conhecimentos vão surgindo, novas perguntas serão feitas. Por vezes, o conservadorismo típico dos que experimentaram muitas mudanças não permite que questões inerentes ao próprio indivíduo sejam feitas. Preferem ficar com as respostas de tempos passados, mas a vida é um motor contínuo e independente de nossa vontade, novos porquês surgem a cada momento, e as respostas se sucedem. A isto, dá-se o nome de evolução.
Quando lemos uma crônica, um ensaio, ou mesmo um artigo cientifico, escritos há décadas, não acreditamos que quem as escreveu não tivesse as informações inerentes ao que está escrito. O que não conseguimos enxergar é que aquela era a resposta aos porquês de quando foi redigido. Aquele documento pode ter dado origem a muitas elucidações e conhecimentos atuais.
Não existe trajetória sem que haja questionamento, ninguém evolui somente com os postulados prontos, porque estes são vazios de conteúdo. Por mais que nos enriqueçam, a dúvida, a interrogação, a interpelação são elementos comuns ao nosso dia a dia, responsável pelo nosso cabedal de informações, que norteará nossas decisões.
Existe nos porquês um poder transformador. Os esclarecimentos levam-nos a novas descobertas, a rever conceitos, a dar um passo atrás, não por erro, mas pela consciência de que nossa caminhada precisa de correção no sentido que vamos lhe dar.
Os porquês nunca deixarão de existir, eles são o motor contínuo que rege a evolução. Sem ele a modernidade não existiria. Esta talvez seja uma das maiores aquisições do Homo Sapiens, ter sempre uma pergunta, para obter uma resposta.
Quanto mais respostas surgem, maior é o número de novos porquês. Somos um mosaico constituído de perguntas e respostas, mas nunca, em momento algum, deixaremos de conviver com nossos porquês.
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