O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada
O cravo saiu ferido
E a rosa despedaçada
O cravo ficou doente
E a rosa foi visitar
O cravo teve um desmaio
E a rosa pôs-se a chorar
Não sei qual a razão que me lembrei desta cantiga popular.
Talvez porque inconscientemente, não tenha percebido que hoje é o Dia Internacional da Mulher.
Acho que os contrastes nas reações é que fez o “José Leonídio” interior se obrigar a olhar para fora e trouxe as estrofes do “Cravo e a Rosa” como lembrança.
Creio que não seja ao acaso.
Lembro-me que em minhas aulas sobre a sexualidade e suas identidades, mostrava a diferença entre a melodia que nos era inebriante, e as letras que se mostravam como o avesso das melodias: ásperas, e agressivas:
Quantas vezes fui criticado ao comentar a diferença entre a linha melódica memorável de “Faz parte do meu Show” e a última estrofe de sua composição:
“Confundo as tuas coxas com as de outras moças
Te mostro toda a dor
Te faço um filho
Te dou outra vida pra te mostrar quem sou
Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor”
Melodias que nos encantam, com letras em outros idiomas, nos seus países de origem nos atraem, não pelo que literalmente querem dizer, mas somente pela sua ondulação musical que agrada aos nossos ouvidos. Muitas vezes nem sabemos o que dizem, mas nos encantam melodicamente.
Acredito que a mesma coisa aconteceu como com o “Cravo e a Rosa”, que nos foi apresentado na infância como a verdade absoluta de um relacionamento, onde, como consequência, um saiu ferido e o outro despedaçado.
A linha melódica de: “Faz Parte de Meu Show”: também nos enleva e nos cega quanto a realidade contida em seus versos:
Confundo as tuas coxas com a de outras moças
Te mostro toda a dor
Te faço um filho
Te dou outra vida pra te mostrar quem sou.
Talvez neste dia Internacional da Mulher também direcionemos nossos olhares para estas mensagens subliminares, que adoçam nosso ego auditivo e fogem da percepção crítica de nossos olhares.
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