Bem que eu quis escrever um poema de amor, e o amor estava em tudo que vi. Ela é meu amor. Ah, a beleza que existe, a beleza que não é só minha, porque és o altar dos nossos corações que cantam alegremente, és a Cidade Maravilhosa.
Eu sei por onde passo, sei tudo o que faço, mas não posso definir aquele azul, não era do céu, nem era do mar, com o Cristo Redentor, Guanabara de braços abertos sobre a Guanabara.
És o Rio quarenta graus, Cidade Maravilha, capital do sangue quente do Brasil, todo mundo te conhece ao longe, pelo som dos seus tamborins, pelo rufar dos seus tambores, porque nenhuma tem o encanto que tu possuis; o charme de tuas areias, de teu céu tão lindo, de tuas sereias sempre sorrindo.
Guanabara onde as casas eram simples, com cadeiras na calçada, e na fachada, em cima, escrito que era um lar.
Mas a Guanabara continua linda, continua sendo o Rio de Janeiro, de cores e alegria, de fevereiro e março, porque eu sou o samba, sou natural daqui do Rio de Janeiro, que é cortado por montanhas, por um mar gentil, maneiro, com muita calma pra pensar, para ter tempo pra sonhar, porque queremos a vida sempre assim.
Da janela vê-se o Corcovado, o Redentor, a mesma luz, o mesmo céu, o mesmo mar. Cidade de sangue quente, maravilha mutante.
Rio do carioca, porque os cariocas são bonitos, são bacanas, são sacanas, são dourados, são modernos. Que irradia simpatia estampada na cara do turista enlouquecido na beleza da Guanabara. O Rio que em cada cantinho tem um violão, um amor, e uma canção para fazer feliz a quem se ama. Rio, eu gosto de você, da morena a sambar, com seu corpo todo a balançar, Rio de sol, de céu, de mar, que, do Leme ao Pontal, não há nada igual! Brasil, tua cara ainda é o Rio de Janeiro, três por quatro da foto e o teu corpo inteiro.
Rio da moça, do corpo dourado, do sol de Ipanema, onde o seu balançado é mais que um poema, é a coisa mais linda que eu já vi passar. Mulher carioca da pele morena, swing na veia, não tem bobeira. Do Menino do Rio, do calor que provoca arrepio, do dragão tatuado no braço, do calção corpo aberto no espaço, coração de eterno flerte. Do Domingo que eu vou ao Maracanã, porque vou torcer pro time que sou fã.
Rio dos que não podem entender o que é paz e amor; Brasil tira as flechas do peito do meu Padroeiro, que São Sebastião do Rio de Janeiro, ainda pode se salvar, onde barracão é bangalô, porque lá não existe a felicidade de arranha-céu, mas quero a vida sempre assim, com você perto de mim, até o apagar da velha chama, pois és o berço do samba e das lindas canções que vivem n'alma da gente, porque és o altar dos nossos corações, que cantam alegremente:
Cidade maravilhosa
Cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa
És e sempre serás,
O coração do meu Brasil.
Este texto, em homenagem a Guanabara, hoje Rio de Janeiro, tem sua constituição extraída das diversas composições que através dos tempos a homenageiam.
Quase uma ode feita por dezenas de mãos. A cidade onde os poetas deixaram, deixam e deixarão em verso e música sua paixão pela beleza e forma de ser.
Os seguintes compositores fazem parte desta homenagem:
Antonio Maria, Antônio Carlos Jobim, Gilberto Gil, André Filho, Aurora Miranda, Noel Rosa, Paulinho da Viola, Enéas Brites da Silva, Aloísio Augusto da Costa, João De Barro (Braguinha), Alberto Ribeiro, Tim Maia, Caetano Veloso, Neguinho da Beija Flor, Chico Anísio, Nonato Buzar, Herivelto Martins, Vinicius de Moraes, Fernanda Abreu, Aldir Blanc Mendes, Carlos Althier de Souza Lemos Escobar, Adriana Calcanhoto, Zé Keti.
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