Há muito não ouço as doze badaladas dos carrilhões anunciando a chegada do novo ano, nem mesmo o repicar dos sinos das igrejas abençoando-o, muito menos os balões com suas cangalhas de copinhos com a figura do ano ancião e do bebê que nascia, derramando lágrimas dos fogos precedidos por seus estampidos.
Novos tempos, o celular mostra a todos a hora exata em que devemos comemorar sua chegada.
Os estampidos (dizem que para espantar os maus fluidos) e o show de cores no céu vão de norte a sul, de leste a oeste.
Da minha janela contemplo o horizonte que me é permitido ver. O som eletrônico de uma rave compete com o dos fogos.
Sinto falta do espírito de carnaval que acompanhou a virada do ano por um longo tempo: os sambas enredos, as marchinhas, anunciando a alegria que queríamos para o ano entrante.
Por trás da fumaça emitida pelos fogos de artificio, uma nesga se abre por entre as pesadas nuvens e, de dentro dela, surge brilhante, maravilhosa, uma LUA GRÁVIDA que precede a LUA MÃE.
Um cheiro de terra molhada perfuma o ar que vem acompanhada de uma brisa refrescante.
Ao longe alguém deseja um feliz Ano Novo para que todos escutem. Tenho certeza de que sim. São novos tempos e valores, mas a natureza veio me mostrar que continua a mesma.
A emoção me arrancou lágrimas; abracei minha esposa, minha energia se estendeu aos que não estavam presentes, porque era a do nascimento, estampada no céu pela energia da LUA GRÁVIDA.
Que o ano que se inicia tenha o seu brilho e a sua energia, fazendo nascer em todos a compreensão e principalmente o AMOR.
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