(Parte 1)
Sete horas da manhã. Caminho pela estrada de barro que teimosamente tangencia o mar. Corujas buraqueiras seguem-me de um lado ao outro, tomando conta do ninho delas. Uma pomba rola solitária, pousada em um mandacaru da praia, desconfia da minha presença. Quero-queros nervosos dão voos rasantes, mostrando descontentamento.
O sol teima em sair detrás das nuvens. O silêncio só não é total porque as ondas de uma forma ritmada esboroam a areia branca.
A praia é um longo areal que termina nas espumas que as decoram, de uma forma diferente a cada momento.
Um bom dia atravessa meu silêncio, respondo com um sorriso: é um companheiro anônimo que também procura a solidão da manhã para interagir corpo e mente.
Sinais de uma sociedade pouco civilizada surgem de todos os lados. Copos, garrafas de plástico e de vidro, largadas por onde passam.
Restos de uma fogueira ─ com certeza de um luau ─ erguida próximo da vegetação rasteira, mostrava que o fogo se propagou, queimando uma grande extensão. A fumaça ainda saia dos troncos em brasa, era a grande prova.
De que adianta uma educação onde o saber ler e escrever, resolver complexas equações das ciências exatas de nada serve, quando o grande problema que se nos apresenta, independe dos anos de estudo, porque tem a ver com nossa sensibilidade em enxergar a natureza, como a continuidade da nossa casa, dos valores de preservação das nossas famílias?
Comments