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José Leonídio

O SILÊNCIO DAS RUAS, A QUEM SERVE?


A pandemia da Covid-19 é o sustentáculo do desgoverno do tenente, elevado a capitão de pijama. Como assim?

É simples: um povo desiludido com seus dirigentes não se omite, protesta, vai para as ruas, faz passeatas, enfim, utiliza todas as armas pacíficas de descontentamento das quais puder lançar mão. Se o tenente não tem área de inteligência suficiente para enxergar este modo de reação e uma administração danosa e desatrosa, a inteligência militar tem; sabe que o esvaziamento das ruas cala a voz do povo. Sim, é uma verdade incontestável.


Ah, temos as redes sociais para substituir!

Sim, temos, mas falta para elas o olho no olho, o calor e o clamor das multidões que calam fuzis e canhões, cegam as baionetas. A cúpula militar sabe disso e o fantoche, travestido de presidente, cria diariamente seus factoides, defendendo por demagogia a volta ao trabalho, o isolamento vertical, quando eles sabem que os formadores de opinião junto ao povo seguem orientações sérias e os governadores e prefeitos tentam, de qualquer forma, manter a população isolada, por não quererem, nos seus ombros, o peso das consequências fúnebres da pandemia em seus estados e municípios.


Desta forma, o tenente e sua cúpula de generais insuflam os seus a irem para rua defendê-los, e acusar o STF e o Congresso de boicotarem o governo.

Que mau governo é este que só uma via vai para as ruas e, assim mesmo, em defesa das atitudes insanas, porém, de caso pensado dos governantes? Só nos restam as redes sociais, que abafam com seus robôs e fakenews.

O que fazer?


Não sei. Ir para as ruas e protestar é condenar a si mesmo, é autodestruição, um suicídio em nome do protesto.

Esse jogo político, num momento pandêmico com o vazio das vozes contrárias, só os fortalece. Temos que vencê-los com todas as armas que estão em nossas mãos, menos ir para a rua. Nossa inteligência unida foi capaz de derrubar momentos difíceis, agora teremos que exigir muito mais dela, brigar sem campo de batalha.


Panelaços constantes, luto nas janelas, entupir as caixas de mensagens do Congresso e STF de mensagens a cada minuto, milhares ou milhões de ações coletivas contra os desmandos governamentais, processos internacionais por genocídio, a população e os índios. A destruição ambiental.

Não sei! Temos que substituir o clamor das ruas pela fogueira do protesto inteligente. A imprensa, apesar de contestada algumas vezes, neste momento tem que ser nossa aliada. Não adianta malhar em ferro frio. A ausência só favorece a quem tenta se impor. Nossa voz, mesmo oculta, terá de ser ouvida.


Assim penso, enquanto deixam.

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