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José Leonídio

O FIM DO FIM NÃO TEM FIM.


Nos acostumamos que na vida tudo tem um princípio, um meio e um fim. O dia começa com os primeiros raios de sol e termina quando este mergulha num horizonte longínquo, abrindo caminho para a noite.

Muitas vezes, entramos numa estrada e nosso destino é o seu final, só que este final, nem sempre, é o verdadeiro porque abre várias trilhas por onde podemos ir em busca do que queremos naquele instante.


Quem nunca ouviu que segundo as previsões feitas por diversas civilizações o fim do mundo se daria no ano X, Y ou Z? Os anos passam e nada acontece, o dia nasce e se vai, a noite vem e abre caminho para o dia, e tudo continua como antes. Quem não se lembra da profecia de que não passaríamos do ano 2000? Ele chegou, vinte anos se passaram, e continuamos na nossa rotina.


Toda pesquisa científica parte de uma hipótese a ser comprovada ou não. Todo seu trajeto tem um princípio, um meio e um fim onde os dados obtidos confirmarão, ou não, a nossa teoria inicial. Quando imaginamos que a observação terminou, na verdade ela é o início de uma seguinte e, assim, sucessivamente. A ciência não termina no fim da pesquisa, muitas vezes é só o começo de um todo que não acaba: tem sempre novos tentáculos, novas perspectivas.


Quando um tecelão resolve criar uma peça nova, esta não é composta de um só rolo, ou novelo de lã. Vários carretéis são utilizados. Quando um finda emendamos no outro. Nossa vida é parecida com o que faz o tecelão e vamos emendando o fim de um dia na noite, ao dia que nasce, e vamos seguindo; os dias passam, os anos também, numa sequência na qual se alternam objetivos obtidos, a serem alcançados e novos que surgem no trajeto que escolhemos.


Um dos maiores exemplos que o FIM DO FIM NÃO TEM FIM é a passagem de ano, quando todos comemoram um fim, seja pelas conquistas proporcionadas ou o anseio pelo novo ano, para que seja diferente do que está se despedindo. É comum personificarmos o ano que se vai na figura de um ancião que está se despedindo de todos. Já o novo ano, damos a metáfora de um bebê recém-nascido.


Embora os pedidos se renovem, o que acontece é que uma noite se vai, um dia vem, e tudo se repete.


Neste dia, a única coisa que se renova é a esperança de realizar nossos projetos, projetos que, em sua maioria, vêm se renovando a cada ano. Perspectivas novas surgem, porém, são frutos de outras realizadas e que permitiram abrir novas estradas, com novas visões que nada mais é do que os atalhos que se abrem no fim da estrada e que, na verdade passam a ser novas estradas, que levarão para outra trilhas.


Quando alguém está no comando de uma determinada situação, e seu desempenho é o melhor possível, quando este por uma condição ou outra deixa a direção, imediatamente, começam as colocações sobre o mesmo ser insubstituível, até que alguém surge com novas ideias, que, simplesmente, dão sequência ao que vinha sendo feito, modernizando as ações, mostrando que o fim de uma proposta foi o início de outra, e que passado e presente se fundiram, continuando no futuro.


A vida é assim, quando pensamos que é o fim da estrada aparecem novas trilhas e, na medida em que adentramos por elas, transformam-se em estradas. Quando comtemplamos o pôr-do-sol e batemos palmas pelo espetáculo que nos proporcionou no seu ocaso, a lonjura do horizonte onde ele se escondeu não nos permite ver que lá, onde mergulhou abrindo caminho para a noite, estará sendo recepcionado com palmas por acender o dia após a noite.


Um dos exemplos que podemos citar é o de uma família que recebe a notícia da morte cerebral de seu ente querido e o faz reviver em múltiplas pessoas. Sua energia vital não desaparece: permanecerá presente. Outro, talvez, o mais significativo de todos, somos nós e as gerações que nos antecederam e nos sucederão, somos uma cadeia que atravessa os séculos porque O FIM DO FIM NÃO TEM FIM.



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