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José Leonídio

O AMOR É LUZ QUE NÃO SE APAGA

Algumas vezes ouvi dizer que o amor é cego. Que não existe razão no amor, somente emoção e a atração entre dois corpos que se desejam. Que o amor é o abismo de você mesmo. Que não existe amor de dois, somente de um, porque o verbo se conjuga a partir do EU, portanto primeiro EU ME AMO e só depois é que EU TE AMO.


Amor, palavra antiga que vem lá do latim AMARE; AMOR, ligada na sua origem ao sentimento de afeição, gostar de algo ou de alguém. Muitos associam amor a desejo, a um sentimento carnal, de fusão de corpos, numa visão na qual o desejo predomina sobre todos os outros sentimentos, uma atração química em que os hormônios são os mediadores de afeição, gostar de algo ou de alguém.


Paixão então seria o ápice do sentimento chamado amor. A chama maior, a mais alta, quando a emoção se sobrepõe à razão, onde o EU AMO é substituído pelo EU TE AMO. O momento maior quando abrimos mão de nós mesmos, em razão de um sentimento naquele momento incontrolável, imensurável, capaz de qualquer atitude para que o seu alvo seja seu, somente seu.


Amor, Paixão. Desejo. Seriam, deste jeito, gradações do AMOR?


Creio que não, porque na maioria das vezes esta tríade não se sustenta, vai se desfazendo com o passar do tempo, sendo trocada por um sentimento muito mais profundo. A proximidade, cumplicidade e o respeito passam a ser os seus fundamentos verdadeiros e o EU TE AMO transforma-se em NÓS NOS AMAMOS.


Se enxergamos o amor somente sob esta ótica, estaremos deixando para trás sentimentos de afeição, do gostar de algo ou de alguém, que não se associam ao desejo ou à paixão. Uma das formas mais singelas de amor é aquela que é despertada quando um casal grávido espera um filho: uma nova vida desperta emoções que culminam no nascimento e que fica entalhado para sempre dentro de nós.


O amor é o exemplo. Amor puro, incomensurável amor, por ele os pais fazem qualquer loucura. Quem esquece o seu primeiro amor, mesmo que não seja eterno? Lembramos sempre dele, por mais que amemos quem está junto de nós. Amor pelas artes, amor pela natureza, amor pelos animais.


Quando nascemos a luz que nos ilumina seguirá para sempre junto de nós; ela é fruto de um amor e luz que não se apaga. Não é sentimento carnal, na verdade é uma união que nada, nem ninguém, separa e, por mais que tentemos negá-la, estará sempre presente.


Podemos amar sem desejar, amamos alguém pelo que é, por suas ações, sem que isso corresponda a desejo. Admirar essa forma de ser seria amor platônico? Não sei, é um amor sem pretensões. Um amor de irmãos, uma simbiose de sentimentos, não de desejos. Corações que caminham lado a lado. Emoções que se compartilham, amor que se transforma em amizade eterna.


O fruto do amor nem sempre é o que esperamos. No entanto, é capaz de preencher nosso vazio, de alimentar nossas aspirações, de querer realizar sonhos. O amor é mola propulsora, esteja em que condição estiver. Amor sonho, amor desejo, amor cumplicidade, amar a vida em todos os sentidos, de nos fazer percorrer labirintos e achar saídas.


Amor e luz, luz e amor. Brilham nossos olhos quando amamos, não importa a forma. Nos dias de hoje, cobrimos o rosto, nossa expressão facial, o sorriso de cumplicidade. Só não conseguimos esconder o sorriso de amor expressado pelo brilho dos nossos olhos. Amor é luz que não se apaga.





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