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José Leonídio

Eva, a grande Mãe Ancestral de Botsuana

Toda semente desperta uma nova vida. É difícil compreender como um minúsculo grão, que o vento carrega léguas adiante, transforma-se numa árvore frondosa que saciará a fome com frutos e, também, a sombra quando do sol abrasador e perpetuando a vida através das sementes e dos ninhos que os galhos acolhem.


É comum a construção de pequenos lagos que são preenchidos pelas chuvas com o objetivo de prover água para os animais dos rebanhos. Numa determinada ocasião, surgem peixes. De que forma chegaram se ninguém os trouxe? A resposta é simples, foram carregados pelas aves, que, ao pisarem na beira dos regatos, entram em contato com os óvulos fecundados liberados na correnteza; estes se fixam em seus pés. Algum tempo depois dos deslocamentos o liberarão nestas coleções de água.


Da mesma forma ao se alimentarem os animais ingerem frutos com sementes que serão eliminadas pelas fezes e germinarão bem distantes das origens que têm. Observando as margens dos córregos que recebem as águas das casas do seu entorno, encontramos diversos vegetais que fazem parte de alimentação diária, como pés de tomate, pimentão, milho e inhame.

Somos nós quem os lançamos à distância através das águas servidas de nossas casas.


Os seres humanos, os demais animais, assim como o vento e a chuva, formam uma cadeia de preservação dos espécimes da natureza. É assim que a espécie humana povoou o planeta. Nossas diásporas foram levando as sementes para locais bem mais distantes do lago pré-histórico Makgadikgadi, o locus de nossa provável origem, que possuía dimensões bem superiores que o atual lago Vitória em Botsuana, no Sudoeste do continente africano.


O grande lago transformou-se há 200 mil anos em um pântano úmido e fértil, próprio para o desenvolvimento de diversos seres, inclusive o homo sapiens. A ciência demonstra que “Eva”, a Grande Mãe Ancestral, originou-se em Makgadikgadi e que no genoma mitocondrial está a prova.


As sementes geradas espalharam-se pelo planeta, tomaram formas diversas, mas a impressão genética guardada dentro de nós é prova inquestionável de que somos todos originários de uma única semente, oriunda da Mãe Ancestral.

A evolução do homo descendente da Eva dos pântanos de Botsuana, e posterior fixação nas diversas regiões da terra, resultou na perda de sua memória primeva, a origem. A capacidade adquirida por determinados grupos para sobreviverem criou a falsa impressão de superioridade sobre os irmãos.


A falsa noção de desigualdade vem da única diferença que existe: o acesso às informações por séculos acumuladas. Quando se oferece as mesmas oportunidades a todos, independente de etnias, as respostas serão as mesmas porque as sementes que lhes deram origem vieram do lago Makgadikgadi.


Cada região conquistada possuía características próprias e nossos ancestrais foram se adaptando, criando valores diferenciados, mas que não os tornavam superiores aos de outras áreas. Essa falsa interpretação possibilitou a criação de uma casta superior e outra inferior, ignorando por completo que as sementes que nossas sementes tiveram têm a mesma origem.


Quem somos nós, senão filhos de Eva, a Mãe Ancestral originada nos pântanos de Botsuana, no Sudoeste africano? Negá-la é querer mudar toda a história, é acreditar que somos superiores uns aos outros. Nascemos fruto de uma semente desprovida de valores, étnicos, morais, religiosos. Estes passarão a ser adquiridos através dos conhecimentos que nos serão oferecidos durante a vida.


Somos todos iguais, com um genoma mitocondrial que nos remete à Grande Mãe Ancestral: a semente disseminada pela terra, da Eva dos pântanos de Botsuana.



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