Segundo domingo de maio é a data que dedicaram afetivamente ou comercialmente para as nossas mães. Longas mesas, às vezes improvisadas para comportar os filhos, os netos, bisnetos e acessórios. Bem me lembro da voz de Ângela Maria na Rádio Nacional, cantando o hino deste dia. Ainda ressoa no ar:
-Mamãe, mamãe, mamãe Eu te lembro o chinelo na mão O avental todo sujo de ovo
Se eu pudesse Eu queria, outra vez, mamãe Começar tudo, tudo de novo
Voltei no tempo, aos anos sessenta, e me lembrei de minha mãe, à beira do fogão, cansada, preparando o almoço dos seus filhos que ali, reunidos, vinham lhe pedir a bênção.
Ah, os tempos passaram, as distâncias em quilômetros permaneceram as mesmas, porém, em bytes diminuíram. Hoje, posso estar junto a você sem estar ao seu lado, ouço a sua voz, mas não sinto o calor dos seus afagos, o aroma do seu almoço abrindo meu apetite.
- Ah, mãe, como gostaria de estar junto de você, mas a distância e os meus compromissos não me permitem. Mãe, te amo, mesmo estando longe.
Os tempos mudaram, o odor do almoço preparado por nossas mães não mais aguça a fome, a gritaria dos nossos filhos no quintal, não mais ouvimos, nossas mães viraram figuras cibernéticas.
- Oi, mãe, este é seu neto, John.
- Mãe, desculpe, mas não tenho como ir até aí, o Sedex vai lhe entregar seu presente.
A mãe que a tudo compreende, nada fala, só diz:
- Deus lhes abençoe!
Nestes tempos onde a comunicação via internet, pelas redes sociais, se tornou a relação principal entre as pessoas, um elemento maior veio se colocar entre nós. Se tínhamos a distância encurtada pelos bytes, de fora, importada não se sabe de onde, um vírus que não é de computador, e que também não contamina através dele surgiu, colocando um paredão entre os filhos e as suas mães.
No Dia das Mães de 2020, num trocarmos o estar juntos daquela que nos originou, de ao abrirmos mão de sentir o cheiro do seu tempero, dos seus quitutes, de suas sobremesas, pelo isolamento em nossos lares é a prova maior do sentimento de amor que lhe temos.
Perderemos alguns minutos junto a qualquer aparelho que nos una ciberneticamente e diremos a uma só voz:
- Nós te amamos!
Neste momento, nos mostrarão o que sempre fizeram: seu sorriso, suas palavras carinhosas, se fazendo presentes virtualmente ao nosso lado, afinal, mesmo estando separadas por uma parede invisível, intransponível, continuarão a ser mães e dormirão com o sentimento de que nos estará acalentando.
Ao desligarmos nossos telefones, tablets, notebooks, computadores, não sentiremos a energia em forma de sussurro, a mensagem inaudível para nós, que vem do outro lado:
- Filhos, eu amo vocês!
É a razão dos tempos. Que nesse ano, onde os valores materiais deixaram de ser o mais importante, possamos ser mais família. Possamos contemplar nossas mães, via fibras óticas, fazendo crochê ou tricô para seus filhos e netos, não somente por fazer, mas pelo amor de mãe que é a única herança que pode deixar.
Se a Covid-19 te impôs ficar em casa, os bytes da internet te deram a oportunidade de estarem juntos. Presenteie sua mãe, estando junto, mesmo longe, almocem juntos, brindem juntos, mesmo sendo virtualmente. Elas merecem, e se sentirão ao lado de cada um de nós. Serão a luz amarelecida pelo tempo, que, mesmo longe, vindas de um lampião, nos permitiram enxergar o caderno da vida, cujas páginas não têm fim.
Feliz Dia das Mães, mesmo sendo virtualmente e lembrem-se dos versos de Toquinho:
-Ela é a palavra mais linda Que um dia o poeta escreveu Ela é o tesouro que o pobre Das mãos do Senhor recebeu
Cuidem-se e cuidem do seu bem mais precioso, SUA MÃE. Este é o presente mais caro e legítimo que poderemos lhe dar. Sem elas, nós não seríamos nada.
Beijos no coração de todas as mães.
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