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  • José Leonídio

Construindo nossa história


Dizem que quando se tem 18 anos correm-se 100 metros em dez segundos. Aos 25, mil metros. Aos 40 anos corremos maratona. Esta é a vida, não existe o momento do novo nem do velho. Ninguém consegue alcançar nada se não passar pelo primeiro andar e, às vezes, este patamar é aquele em que alguém, um dia, lhe ofereceu as costas como escada, para que pudesse chegar ao 30º andar.


Ninguém chega a lugar algum sem que atrás de si não tenha tido quem lhe oferecesse as mãos, ou os ombros, para que pudesse chegar onde está neste momento. O mais importante na construção de nossa caminhada não é poder enxergar o horizonte de onde você chegou, mas ter a humildade de olhá-lo, a partir de onde você começou a caminhar.


Quando utilizamos a cabeça de quem construiu nossa estrada, degrau por degrau, não temos a humildade de olhar para baixo, podemos estar à beira de um abismo que nossos olhos, por soberba ou por orgulho, não enxerga. Não existe o velho, nem o novo, existe o respeito àquele que um dia lhe deu a mão para subir o primeiro degrau. Os outros degraus são consequências deste.


Obrigado à vida por ter a experiência que tenho hoje. Obrigado ao meu pai por me ensinar a enxergar além do limite do horizonte. Obrigado aos meus professores por me darem o sentido e a direção das palavras que hoje professo. Obrigado aos meus companheiros por acreditarem em mim. Obrigado aos que não acreditam, pois lhes dou o conteúdo da vida, para procurarem suas respostas e sua verdade.


Se um dia a sua verdade for semelhante à minha, não tenha vergonha de dizer que aprendeu com a vida: se a resposta for contrária ao que acredita, não tenha vergonha de dizer “SENHORES, ERREI” e tenham a humildade de dar um passo atrás e refazer suas caminhadas.


Esse é o segredo da vida. Saber reconhecer o momento de ir ou voltar, porque recuar de uma decisão não é uma atitude que diminua quem a toma, pelo contrário: é muito mais fácil seguir em frente e não alcançar seus objetivos do que retroceder, reavaliar metas, corrigir os desvios e aí, sim, seguir em frente muito mais forte.


Uma caminhada sem ter ninguém ao lado pode ser benéfica em determinadas ocasiões, quando se quer refletir, avaliar determinadas atitudes ou situações, sem que haja interferência em decisões. Na maioria das vezes, contudo, é essencial alguém com quem você possa dividir suas preocupações, que não esteja imerso no calor da fogueira de pensamentos. É esse alguém que poderá avaliar de forma mais racional e contribuir para decisões mais consistentes.


Nossos percalços não são só nossos. De alguma forma, outros atores, neste momento ou em tempos passados, viverão ou viveram momentos iguais ou muito semelhantes. Não existe formula mágica na vida para solucioná-los, cada momento é um momento, cada resolução é uma resolução, individual, só a tem quem está vivendo.


Há algumas linhas escrevi que “se um dia a sua verdade for semelhante à minha, não tenha vergonha de dizer que aprendeu com a vida” porque é subindo esses degraus que escrevemos nossa história. As cores que lhe daremos, somos nós quem escolheremos. A capa do livro da nossa história terá a gravura que nós desenharmos.


Seu conteúdo vai se alterando página a página, pois como disse no início “quando se tem 18 anos, correm-se cem metros em dez segundos. Aos 25, cinco mil metros. Aos 40 anos corremos maratona”, portanto na medida em que mergulhamos no tempo da existência nossas frases ficam mais longas, afinal temos muito mais a descrever.


Nossa capacidade de enxergar ao longe é o que nos move e é o que permite as ações tutoriais que passamos a ter, procurando orientar aos que estão iniciando a caminhada. Não conseguimos mais enxergar o que está próximo, precisamos de lentes corretoras, entretanto nossa visão do horizonte amplia-se.


A sabedoria adquirida com o passar dos anos é construída por etapas diferentes. Primeiro somos inconsequentes; depois, sonhadores, sábios, mitos; por fim, a lenda. Tudo isto construído com muitas vozes e mãos diversas nos conduzindo.


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