Os seres humanos, demais animais, assim como o vento e a chuva formam uma cadeia de preservação de espécimes da natureza e por eles as espécies foram povoadas. Nossas diásporas foram levando as sementes para locais bem mais distantes do lago pré-histórico Makgadikgadi, o locus de nossa provável origem, cujas dimensões são bem maiores que o atual lago Vitória, em Botsuana, no sudoeste do continente africano.
O grande lago transformou-se há 200 mil anos em um pântano úmido e fértil, próprio para o desenvolvimento de diversos seres, inclusive o homo sapiens. A ciência demonstra que “Eva”, a Grande Mãe Ancestral, se originou em Makgadikgadi. Trazemos no nosso genoma mitocondrial essa prova.
As sementes geradas espalharam-se pelo planeta, tomaram formas diversas, mas a impressão genética que trazemos é prova inquestionável que somos todos originários de uma única semente, oriunda da Mãe Ancestral.
A evolução do homo descendente da Eva dos pântanos de Botsuana e sua posterior fixação nas diversas regiões da terra resultaram na perda de sua memória primeva, de sua origem. A capacidade adquirida por determinados grupos para sua sobrevivência criou a falsa impressão de superioridade sobre seus irmãos.
Criou-se uma falsa noção de desigualdade, quando a única diferença que existe é o acesso às informações por séculos acumuladas. Quando se oferece as mesmas oportunidades a todos, independentes de etnias, as respostas serão iguais porque as sementes que lhes deram origem vieram do lago Makgadikgadi.
Cada região conquistada pelo homo sapiens possuía características próprias e nossos ancestrais foram se adaptando, criando valores diferenciados, mas que não os tornavam superiores aos de outras áreas. Essa falsa interpretação possibilitou a criação de uma casta superior e outra inferior, ignorando por completo que nossas sementes tiveram a mesma origem.
Quem somos nós, se não filhos de Eva, não a ALBINA, que cometeu o pecado original na visão canhestra das religiões deístas e, sim, a verdadeira Mãe Ancestral originada nos pântanos de Botsuana, no sudoeste africano. Negá-la é querer mudar toda a história, é acreditar que somos superiores uns aos outros.
Nascemos fruto de uma semente, desprovida de valores, étnicos, morais, religiosos etc. Estes passarão a ser adquiridos através dos conhecimentos que serão oferecidos durante a vida. Somos todos iguais, nosso genoma mitocondrial nos remete a nossa Grande Mãe Ancestral, a semente disseminada pela terra, da Eva dos pântanos de Botsuana.
A diáspora original, aquela oriunda do lago Makgadikgadi, não trazia como valores a superioridade do homo sapiens sobre o homo sapiens. Não importa se nossa superfície é preta, amarela ou albina, porque nossa raiz é negra, o que nada, nem ninguém, conseguirá alterar. Se com o passar de milênios nosso fenótipo (aparência) foi tomando características físicas na sua interação com o meio ambiente, nossa memória genética é prova testemunhal de nossas raízes.
E necessário que tenhamos a consciência de que não existem diferenças entre as etnias. Somos simplesmente mutações da Eva de Botsuana. Insistir que os albinos (brancos) são superiores a seus irmãos pretos ou amarelos de superfície é tentar criar barreiras ao vento. Nossos sentimentos são iguais, cada um de acordo com seus costumes. O raio de sol que nos ilumina projeta nossas sombras da mesma forma, com o mesmo tom.
Nascemos sem nada e partimos também sem nada. Isso nos faz ser semelhantes, não existe a vida eterna, a consciência albina não prolonga a vida, respeitar nossos irmãos de qualquer etnia não é um dever, é um ato de amor, de respeito à grande Mãe, a Eva de Botsuana, a raiz negra de nossa existência.
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