Capelinha de melão,
É de São João.
É de Cravo.
É de Rosa,
É de Manjericão.
São João está dormindo,
Não acorda não
Acordai, acordai, acordai, João.
Quantos de nós não dançamos nas festas juninas, principalmente nas escolas, esta modinha/canção?!
Várias perguntas: De onde vêm nossas tradições, porque capelinha de melão?
Segundo os relatos que datam de séculos atrás, as festas em lembrança a São João estariam, por um lado, ligadas ao solstício do verão na Europa e, também, ao culto dos deuses da natureza, das plantações. Uma outra versão é a de que Isabel, grávida de João Batista, tendo dificuldade de avisar a Maria, mãe de Jesus, sobre o nascimento de seu filho combinou de fazer uma grande fogueira para comunicá-la do nascimento.
E a capelinha, foi herança de quem?
Segundo muitos autores, as capelinhas feitas com o côncavo do melão e a imagem do santo, São João, vem de séculos atrás trazido pelos portugueses. Segundo outros estudiosos, a capelinha era uma pequena coroa enfeitada de cravos, de rosas e de flores de melão de São Caetano.
Não importam de onde vêm nossas tradições, elas hoje são nossas, fazem parte do patrimônio cultural material e imaterial do povo brasileiro. Alguns tentam defesnetrá-la do santo que lhe deu origem, São João, por questões puramente de ideologia teológica e chamam-na de festa do milho. O nosso São João é alegria, é dança, é cultura.
Nosso São João é atávico, com sua fogueira redonda, que de tão alta que é pode ser vista a quilômetros de distância. Com seus fogos, suas comidas típicas.
Ah, nossos São Joãos, nossos balões em tempos que eram inofensivas, as quadrilhas, os casamentos na roça, os carros de boi gemendo nas estradas. Quantas lembranças. As igrejas de bambus enfeitadas de flores do campo não estarão presentes este ano, nossas arraias também não. Não cantaremos as cantigas de São João, as escolas não encerrarão seus semestres com as festas, com nossos filhos vestidos de caipira: não teremos as noivas, os noivos fujões e arrependidos, o pai defendendo a honra da “fia”, o padre, as quadrilhas.
É tempo de recolhimento. Nosso São João será de lembranças, dançaremos nossas quadrilhas a um ou, no máximo, dois pares. Nos casaremos de novo, porém, nossa noiva serão nossas esposas, e nosso folguedo, nossa fogueira, será acesa dentro de nós.
Este ano será o São João, onde o atavismo vira de nossos corações. Nós seremos o próprio fogo que nos aquecerá no frio do inverno deste São João.
Vamos em frente, as labaredas de nossas fogueiras iluminarão nossos caminhos.
Um bom São João a todos, que Isabel avise paraa Maria com sua fogueira nosso renascimento para a vida, para a alegria, para o amor.
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